A escola nas fronteiras da convivência e da cyber(convivência)
A nova lei que está movimentando escolas de todo o Brasil chegou para ficar. Mas aqui na Projeto 21, essa já é nossa realidade há anos. Vamos entender juntos por quê?
Uma mudança que já era realidade na Projeto 21
O ano letivo de 2025 começou diferente em muitas instituições de ensino pelo país. A Lei 15.100/25, que restringe o uso de celulares nas escolas, causou um verdadeiro rebuliço em comunidades escolares, famílias e estudantes.
Aqui na Projeto 21, confessamos que ficamos um pouco surpresos com todo esse impacto. Isso porque nossa escola sempre teve essa regra interna: não pode celular durante o período escolar. Para nós, sempre foi algo natural, tratado de forma transparente e sem tabus, assim como tantas outras normas de convivência.
Tecnologia sim, mas com responsabilidade
É importante deixar claro: não somos contra a tecnologia. Pelo contrário! Reconhecemos que ela é uma ferramenta poderosa para a aprendizagem. O problema está no uso desmedido e sem a orientação adequada de adultos responsáveis.
Nossa proposta é construir, junto com as famílias, um pensamento crítico sobre o uso consciente da tecnologia. Afinal, vivemos em um mundo cada vez mais conectado, e nossas crianças e adolescentes precisam aprender a navegar nesse universo digital de forma segura e responsável.
Os desafios do mundo virtual
Para embasar nossa reflexão, compartilhamos insights do artigo “Cyberbullying, cyber agressão e riscos on-line: como a escola pode atuar diante dos problemas da (cyber)convivência?”, das pesquisadoras Thais Bozza e Telma Vinha – referência em nossa formação docente.
As pesquisadoras destacam diversos desafios das relações virtuais:
- Cyberbullying e outras formas de violência online
- Acesso a conteúdos inadequados para a faixa etária
- Contato com comportamentos nocivos
- Riscos e vulnerabilidades do espaço digital
- Influência na formação da identidade de crianças e jovens
O impacto no ambiente escolar
Embora essas situações aconteçam fora da escola, elas chegam até nós e impactam diretamente a rotina dos estudantes. Já no início de 2025, tivemos casos de alunos que nos procuraram pedindo ajuda para resolver conflitos originados em grupos e redes sociais.
Essa realidade nos preocupa especialmente quando consideramos o crescimento do discurso de ódio nas redes sociais, incluindo manifestações de:
- Homofobia
- Discriminação racial, social e religiosa
- Discriminação de gênero
Muitas vezes, esse tipo de conteúdo aparece disfarçado de humor em memes, figurinhas e piadas.
O direito de estar só
Um ponto que merece nossa atenção especial é a reflexão de La Taille (1998), citada pelas pesquisadoras:
“Crianças e adolescentes necessitam de um abrigo seguro para crescerem sem serem perturbados, contudo, parece que o direito de estar só é constantemente desrespeitado na era da internet e redes sociais.”
Hoje, nossos jovens raramente têm a oportunidade de estar verdadeiramente sozinhos. Mesmo fisicamente isolados, estão constantemente conectados e interagindo virtualmente.
Um trabalho conjunto
Saudamos a Lei 15.100/25 justamente porque entendemos que as escolas têm papel fundamental na educação digital. Precisamos promover discussões que levem toda a comunidade escolar a aprender sobre convivência ética no mundo virtual.
Mas essa responsabilidade não pode ser exclusiva da escola. Precisamos unir forças, especialmente na orientação e supervisão do que nossas crianças e adolescentes consomem nos ambientes virtuais fora do horário escolar.
Nosso convite à reflexão
A tecnologia veio para ficar, e isso é maravilhoso quando usada de forma consciente. Nossa missão, como educadores e famílias, é guiar nossos jovens nessa jornada digital, criando espaços seguros para que possam crescer, aprender e se desenvolver plenamente.
Vamos juntos nessa construção?
Que tal continuarmos essa conversa? Deixe seu comentário e compartilhe suas experiências sobre o uso da tecnologia na educação dos seus filhos.